Palavra do bispo: A paz social é fruto da santidade pessoal
Artigo de Dom Francisco Carlos Bach para o mês de junho de 2024
11.06.2024 - 15:14:08

Pesquisas realizadas nos mais variados âmbitos da sociedade apontam a violência e a consequente insegurança como uma das nossas maiores preocupações. A violência se reveste das mais diversas formas, inclusive em nossos lares. No trabalho de atendimentos às pessoas, constatamos os relacionamentos conflituosos entre casais, pais e filhos, geradores de tensões e desequilíbrios. A paz familiar e social, tão desejada por todos, é possível ou uma utopia? A Campanha da Fraternidade deste ano, 2024, convoca-nos para a Fraternidade e a Paz Social, afinal de contas, o texto de Mt 23,8 nos recorda: “Vós sois todos irmãos e irmãs”!
A paz social não se confunde com passividade diante do que acontece ao redor, nem com indiferença e silêncio diante da presença do outro para evitar discórdias. Não é qualquer tranquilidade que merece o nome de paz. Não é ausência de guerra, nem se reduz ao estabelecimento de equilíbrio entre forças adversas (cf. Vaticano II, GS 78). Tais atitudes podem até evitar um conflito, mas não criam a verdadeira paz cristã, mostrada por Jesus Cristo, o Filho de Deus, que por palavras e obras comprovou ser o Caminho, a Verdade e a Vida. Não cessa de soar aos nossos ouvidos a frase de Jesus: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou. Não se perturbe, nem se atemorize o vosso coração” (Jo 14,27).
A paz evangélica é fruto de um coração livre de egoísmo e orgulho, que reconhece Deus e o seu amor providente e por extensão, a dignidade de cada pessoa humana. A ação divina não se restringe a ser apenas causa eficiente primeira do universo, mas como Criador amoroso e Pai providente, dispensa os melhores dons a nós, seus filhos. Feitos à sua imagem e semelhança, nós temos um destino eterno que se constrói no hoje da história, através da vivência dos valores evangélicos, revelados por Jesus Cristo e tornados inteligíveis e presentes em nossas vidas pela ação do Espírito Santo.
A santidade pessoal é o caminho a ser percorrido para que em nossos lares e em nossa sociedade a paz evangélica proporcione paz e harmonia. A concepção correta da identidade pessoal e da dignidade do outro, aliadas à nossa vocação à vida eterna, possibilita-nos a implantação da verdadeira paz. João XXIII afirmava que só haverá paz nos lares e na sociedade humana se essa estiver presente em cada um dos seus membros, ou seja, se a ordem desejada por Deus se tornar realidade na vida da pessoa (Pacem in Terris, 164). No vigésimo aniversário do encontro inter-religioso de oração pela paz, em setembro de 2006, afirmou-se que, em primeiro lugar, a paz deve ser construída nos corações. De fato, é neles que se desenvolvem sentimentos que podem alimentá-la ou, ao contrário, ameaçá-la, enfraquecê-la, sufocá-la.
A paz que Cristo oferece supõe necessariamente sua presença em nossos corações. Em Cristo nosso agir tornar-se-á construtor de vida nova em nossas famílias e na sociedade. Concluo com as palavras do papa Bento XVI, dirigidas aos participantes do encontro no final da tarde do dia 18 de agosto, durante a Jornada Mundial da Juventude, em Madri. Verdade que tais palavras foram aos jovens, mas servem muito bem para todos: “Queridos amigos, sede prudentes e sábios, edificai as vossas vidas sobre o alicerce firme que é Cristo. Esta sabedoria e prudência guiarão os vossos passos, nada vos fará tremer e, em vosso coração, reinará a paz. Então sereis bem-aventurados, ditosos, e a vossa alegria contagiará os outros. Perguntar-se-ão qual seja o segredo da vossa vida e descobrirão que a rocha que sustenta todo o edifício e sobre o qual se assenta a vossa existência é a própria pessoa de Cristo, vosso amigo, irmão e Senhor, o Filho de Deus feito homem, que dá consistência a todo o universo. Ele morreu por nós e ressuscitou para que tivéssemos vida, e agora, junto do trono do Pai, continua vivo e próximo a todos os homens, velando continuamente com amor por cada um de nós”.
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Fonte Dom Francisco Carlos Bach