O poder, os perigos e os desafios da comunicação
No último dia do 7º Muticom Diocesano, Dom Francisco Carlos Bach falou do passado para que se possa entender o presente
13.06.2021 - 18:33:26

(Na imagem acima, bispo da Diocese de Joinville na live do 7º Muticom Diocesano, no dia 11 de junho)
Ir, ver e só então relatar. Estas deveriam ser ações rotineiras do comunicador, mas as notícias repetidas, as fake news e a pós-verdade estão aí para mostrar que a realidade é bem diferente. O poder, os perigos e os desafios da mídia estão há décadas na agenda de debates da Igreja Católica, como lembrou o bispo Dom Francisco Carlos Bach no último dia do 7º Mutirão Diocesano de Comunicação.
Na live de uma hora e em 16 slides, na sexta-feira (11/6), Dom Francisco falou do passado para que se possa entender o presente, detalhou tópicos da primeira mensagem do Dia Mundial da Comunicação Social (DMSC), escrita pelo Papa Paulo VI em 1967, com o tema “Os meios de comunicação social”, e transportou as aflições do pontífice para os dias atuais, com o texto do Papa Francisco para o 55º DMSC e o tema “Vem e verás” - Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.
O ontem e o hoje se entrelaçam e indicam os caminhos mais adequados para quem escolheu os meios de comunicação para espalhar as boas novas da e na Igreja. Em 1967, “o vasto e complexo fenômeno dos modernos meios de comunicação social” eram quatro: a imprensa escrita, o cinema, o rádio e a televisão, e deram subsídios ao 1º DMCS.
“Mas, se a grandiosidade do fenômeno, que atinge cada indivíduo e toda a comunidade humana, é motivo de admiração e de regozijo, torna-se, no entanto, motivo de preocupação e incerteza. Estes meios de comunicação, de fato, destinados pela sua natureza a espalhar o pensamento, a palavra, a imagem, a informação e a publicidade, enquanto influenciam a opinião pública e, conseqüentemente, o modo de pensar e agir de cada indivíduo e dos grupos sociais, exercem também uma pressão sobre os espíritos, que incide profundamente sobre a mentalidade e sobre a consciência do homem, impelido como ele é, e quase submerso, por muitas e contrastantes solicitações. Quem pode ignorar os perigos e os prejuízos que estes nobres instrumentos podem causar a cada pessoa e à sociedade, quando não são empregados pelo homem com sentido de responsabilidade, com reta intenção, e de conformidade com a ordem moral objetiva? Quanto maiores, portanto, são o poder e a ambivalente eficácia destes meios de comunicação, tanto mais atento e responsável deve ser o seu uso”.(Papa Paulo VI – 1º DMCS - 1967)
No século 21, a web dá o tom na forma de comunicar e escancara o perigo das cópias e das fake news. Por isso, o apelo do Papa Francisco ao “ir e ver”.
“Pensemos no grande tema da informação. Há já algum tempo que vozes atentas se queixam do risco dum nivelamento em «jornais fotocópia» ou em noticiários de televisão, rádio e websites que são substancialmente iguais, onde os géneros da entrevista e da reportagem perdem espaço e qualidade em troca duma informação pré-fabricada, «de palácio», autorreferencial, que cada vez menos consegue intercetar a verdade das coisas e a vida concreta das pessoas, e já não é capaz de individuar os fenómenos sociais mais graves nem as energias positivas que se libertam da base da sociedade. A crise editorial corre o risco de levar a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua, sem «gastar a sola dos sapatos», sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações. Mas, se não nos abrimos ao encontro, permanecemos espectadores externos, apesar das inovações tecnológicas com a capacidade que têm de nos apresentar uma realidade engrandecida onde nos parece estar imersos. Todo o instrumento só é útil e válido, se nos impele a ir e ver coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede conhecimentos que de contrário não circulariam, se consente encontro que de contrário não teriam lugar”.(Papa Francisco – 55º DMCS - 2021)
Entre 1967 e 2021, quantas formas de comunicação surgiram e quão perfeitas são em fazer tanto o bem quanto o mal. “Esses meios são neutros. Tornam-se bons ou maus conforme os usamos. São como o carro”, comparou Dom Francisco Carlos.
Princípios conturbados
Para o bispo, “os meios de comunicação social têm uma missão, que é ajudar este mundo a ser melhor. Os princípios estão conturbados, instituições perderam suas forças, as pessoas estão agindo num contexto de relativismo. Aquilo que Paulo VI já falava em 1967, sobre os perigos, é uma realidade de hoje”.Dom Francisco faz um pedido às pessoas responsáveis pela divulgação das ações da Igreja, os pasconeiros: “Precisamos divulgar continuamente as coisas boas da comunidade. Assim como o mal nos deprime e nos diminui, quando escutamos coisas boas o coração se alegra e produzimos melhor. Para isso, precisamos de bons profissionais”.
“O Papa faz um pedido: que haja respeito à pessoa humana. Esta é uma missão de quem está à frente dos meios de comunicação. Que se difunda a adesão ao bem, a coerência, que se contribua para edificar uma sociedade mais digna. Formar mais pessoas de responsabilidade no agir pessoal e coletivo. Ajudar as pessoas a serem irmãos e irmãs para terem vida mais digna. Esta é a grande missão, o princípio dos pasconeiros: tornar este mundo melhor”.(Dom Francisco Carlos Bach – 7º Muticom Diocesano – 11/6/21)
Sobre o bom uso da mídia, o bispo sugere a leitura do decreto “Inter Mirifica – Sobre os meios de Comunicação Social”, escrito pelo Papa Paulo VI em 1967. “Neste decreto aparece a solicitude materna da Igreja pelos valores humanos”, afirmou Dom Francisco.
“2 - A mãe Igreja sabe que estes meios, rectamente utilizados, prestam ajuda valiosa ao género humano, enquanto contribuem eficazmente para recrear e cultivar os espíritos e para propagar e firmar o reino de Deus; sabe também que os homens podem utilizar tais meios contra o desígnio do Criador e convertê-los em meios da sua própria ruína; mais ainda, sente uma maternal angústia pelos danos que, com o seu mau uso, se têm infligido, com demasiada frequência, à sociedade humana.Em face disto, o sagrado Concílio, acolhendo a vigilante preocupação de Pontífices e Bispos em matéria de tanta importância, considera seu dever ocupar-se das principais questões respeitantes aos meios de comunicação social. Confia, além disso, em que a sua doutrina e disciplina, assim apresentadas, aproveitarão não só ao bem dos cristãos, mas também ao progresso de toda a sociedade humana”.(Papa Paulo VI - Inter Mirifica - 4 de Dezembro de 1966) Primeira grandeza
A Pastoral da Comunicação é um instrumento de primeira grandeza para a ação pastoral, reforçou Dom Francisco. “Ir e ver é um método a ser usado na redação, na internet, na pregação, na política, no social, no trabalho de pasconeiro na minha pastoral, na catequese, no movimento, para saber se está dando fruto. É o grande método para saber e entender a eficácia do nosso trabalho dentro da Igreja”, orienta. E acrescenta: “A atuação da Pascom e transversal, a serviço de tudo o que acontece na paróquia. Sem a devida comunicação, as pessoas não sabem o que está acontecendo, perde-se muito no processo de evangelização”.O perigo neste processo de comunicar é que a rotina pode deixar os profissionais limitados a uma ótica única, esquecendo de ir e ver na base, de ter contato com a realidade e se surpreender. Por isso, é importante se questionar. Meu trabalho está dando fruto? O que tenho de mudar? “Se nunca parou para fazer uma revisão de seu trabalho de comunicador pode haver alguma coisa errada”, alerta Dom Francisco.
“A Pascom, as pastorais e os movimentos existem em função da Igreja, que existe em função de Jesus Cristo – que é o caminho, a verdade e a vida. Nele encontramos o ponto final. No trabalho que realizamos temos de chegar em Jesus Cristo, nos seus valores, em algo que Ele pede para a sociedade e para você: precisamos evangelizar. O serviço do pasconeiro é isso: não só dizer o que está acontecendo, mas dar um segundo passo: anunciar junto uma notícia boa, a mensagem cristã”.(Dom Francisco Carlos Bach – 7º Muticom Diocesano – 11/6/21)

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UM PRESENTE PARA OS PASCONEIROS
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«Os meios de comunicação social»
[Domingo, 7 de Maio de 1967]
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O LV DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
«“Vem e verás” (Jo 1,
46). Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são»
DECRETO
INTER MIRIFICA
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Fonte Albertina Camilo / Assessoria de Comunicação